Atualmente, os mercados enfrentam um choque significativo, impulsionado por um sentimento negativo persistente que pesa sobre eles como um fardo, sem uma solução clara à vista. Diante desse cenário, a trajetória futura do mercado permanece incerta e levanta questões importantes.

Como esperado, o Federal Reserve manteve inalterados todos os parâmetros da política monetária. Durante a coletiva de imprensa, o presidente Jerome Powell confirmou que o banco central pretende reduzir a taxa básica de juros duas vezes este ano, mas ressaltou os desafios e riscos existentes.

Quais são esses riscos?

Powell não minimizou os impactos das tarifas impostas por Donald Trump. Ele afirmou explicitamente que a política tarifária provavelmente elevará os preços, sem que haja clareza sobre a magnitude desse aumento ou se a inflação resultante será apenas temporária. O presidente do Fed admitiu que o próprio banco central não compreende totalmente os efeitos de longo prazo das medidas econômicas e geopolíticas do 47º presidente dos EUA. A incerteza, portanto, continuará pairando sobre a economia e os mercados.

Além disso, pela primeira vez desde que Trump assumiu o cargo, Powell sugeriu que as tarifas terão um impacto significativo sobre a inflação, já que encarecem os produtos importados. Isso é particularmente relevante porque a economia dos EUA continua predominantemente voltada para o setor de serviços, enquanto a maioria dos bens é importada. Assim, o aumento no custo das importações pode pressionar a inflação a níveis ainda mais altos do que os atuais.

Então, por que o mercado de ações dos EUA teve um leve, mas necessário, impulso?

Em primeiro lugar, apesar da crise na Europa, das tensões geopolíticas no Oriente Médio e em outras regiões, o capital estrangeiro continua fluindo para os EUA, buscando refúgio em tempos de incerteza. Além disso, após a coletiva de Powell, os investidores se lembraram de que o Fed ainda pretende reduzir as taxas de juros duas vezes neste ano.

No entanto, tanto os mercados quanto Powell parecem excessivamente otimistas e desconectados da realidade. Com a inflação projetada para subir devido às tarifas, o risco de recessão e estagflação está aumentando, tornando improvável qualquer corte nas taxas de juros sob o atual modelo monetário do banco central.

Diante desse cenário, não vejo uma recuperação significativa na demanda por ações, tokens ou ativos de commodities nos EUA, devido ao alto nível de incerteza sobre o futuro do país e da economia global. O mercado está preso em um ciclo vicioso, sem uma saída clara no curto prazo.

O único ativo que deve continuar em alta é o ouro, tradicionalmente um refúgio seguro, que atualmente testa o nível de US$ 3.050 por onça. Além disso, nas condições atuais, o dólar dos EUA, conforme medido pelo índice ICE, provavelmente continuará consolidado na faixa de 103,20 a 104,00 pontos por algum tempo.

Previsão para o dia:

Bitcoin

O token está sendo negociado de forma instável, impactado pela demanda limitada em meio à incerteza que domina os mercados, o que dificulta seu crescimento consistente. A incapacidade de superar o nível de resistência de US$ 86.500 pode resultar em uma reversão local e queda para a marca de US$ 82.200.

Ouro

Com investidores e bancos centrais comprando ouro ativamente como proteção contra riscos financeiros, os preços do metal continuam sustentados pelos altos riscos geopolíticos e pela incerteza em torno das economias dos EUA e global. No curto prazo, a condição de sobrecompra do ativo pode levar a uma correção para US$ 3.025, a partir da qual ele pode tentar se recuperar. Caso supere a marca de US$ 3.050, o próximo alvo será o nível de US$ 3.080.