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A última semana de novembro promete ser intensa e volátil. Como de costume, dados macroeconômicos críticos são divulgados no final de cada mês, e este novembro não será uma exceção. Os principais relatórios para a próxima semana de negociação incluem o relatório de inflação da Zona do Euro, o índice de Confiança do Consumidor da CB, a ata do FOMC, os índices IFO, os dados de inflação da Alemanha e o Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (Core PCE).
A Alemanha divulgará seus índices IFO, que, ainda que sejam menos relevantes que os PMI, ainda podem contribuir para o sentimento de baixa em relação ao euro. As previsões iniciais apontam para um agravamento: e o Índice de Clima Empresarial deverá cair para 86,1 (após uma alta inesperada para 86,5), enquanto o Índice de Expectativas Correntes pode recuar para 86,9 (após subir para 87,3).
Esses números impactarão o par EUR/USD apenas se a queda for significativamente pior do que o esperado, colocando os índices na "zona vermelha".
O principal comunicado de terça-feira é o Índice de Confiança do Consumidor CB dos EUA. Após ter atingido 105,6 em agosto, o índice caiu inesperadamente para 99,2 em setembro, antes de recuperar para 108,7 em outubro. As previsões para novembro sugerem um aumento para 112,0 - o valor mais elevado desde julho de 2023. Caso se concretize, este fato poderá favorecer o dólar, reforçando as expectativas de uma pausa na reunião de dezembro da Reserva Federal.
Estados Unidos. Vale lembrar que o Fed reduziu as taxas de juros em 25 pontos-base durante sua reunião de novembro, em linha com as expectativas do mercado. Contudo, o banco central adotou uma linguagem relativamente vaga, destacando que está preparado para ajustar a política monetária "no caso de riscos que possam impedir o alcance da meta de inflação."
No entanto, poucos dias após a reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, surpreendeu os mercados com uma declaração mais incisiva durante uma conferência em Dallas, afirmando que o banco central pode não ter pressa em implementar novos cortes nas taxas. Se a ata refletir a postura mais hawkish de Powell, o dólar poderá receber um suporte significativo. É importante lembrar que foi Powell quem impulsionou a pressão baixista sobre o par EUR/USD após o período de euforia com a eleição de Trump, então, a ata do Fed pode amplificar, por assim dizer, o chamado "efeito Powell."
Os EUA divulgarão os dados de encomendas de bens duráveis referentes a outubro durante a sessão de quarta-feira. A expectativa é de que o total de encomendas cresça 0,4%, após uma queda de 0,8% em setembro. Excluindo o setor de transportes, prevê-se um aumento de 0,2%, em comparação ao crescimento de 0,4% registrado no mês anterior.
Além disso, será publicada a segunda estimativa do PIB dos EUA para o terceiro trimestre. Segundo as projeções, essa estimativa deverá confirmar o valor inicial de 2,8%. Contudo, revisões inesperadas não são raras nesse contexto; por exemplo, os números do primeiro trimestre foram ajustados duas vezes. Se os dados mostrarem que a economia cresceu em um ritmo mais lento no período, o dólar poderá enfrentar pressão. Por outro lado, uma revisão positiva, que supere as expectativas, fortalecerá significativamente o dólar, reacendendo discussões sobre uma possível pausa nas decisões do Fed em dezembro.
Outro destaque de quarta-feira é a divulgação do índice PCE central, um dos principais indicadores de inflação acompanhados de perto pelo Federal Reserve. Em outubro, o índice registrou 2,7%, superando as projeções de 2,6%. Para novembro, espera-se que o indicador permaneça em 2,7%. Caso haja uma aceleração nesse índice, os membros mais hawkish do Fed, como Michelle Bowman e Lisa Cook, terão mais argumentos para defender a manutenção da política monetária atual na reunião de dezembro. Adicionalmente, se esse aumento coincidir com uma desaceleração da inflação na Zona do Euro (relatório previsto para sexta-feira), isso poderá gerar uma "tempestade perfeita", intensificando a tendência de queda do EUR/USD.
A Alemanha divulgará seus dados de inflação para novembro, frequentemente vistos como um indicativo das tendências inflacionárias na Zona do Euro. De acordo com as previsões, os dados deverão refletir a estabilidade da inflação geral e uma aceleração da inflação subjacente. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) deverá permanecer estável em 2,0% em relação ao mesmo período do ano anterior, replicando o nível registrado em setembro. Já o Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (IHPC) pode apresentar uma leve alta, passando de 2,4% para 2,6%.
Vale destacar que o relatório sobre a inflação na Alemanha funciona como um "prenúncio de tempestade" antes da divulgação dos dados gerais da Zona do Euro, já que os números alemães frequentemente têm alta correlação com os pan-europeus. Assim, caso a inflação alemã surpreenda e desacelere inesperadamente, o impacto sobre o euro pode ser significativo.
Sexta-feira será o dia mais importante da semana para o euro, com a divulgação do relatório sobre o crescimento da inflação na Zona do Euro durante a sessão europeia. O IPC geral está projetado para acelerar de 2,0% para 2,3% em novembro, enquanto o IPC subjacente (que exclui energia e alimentos) deve aumentar para 2,8%, após permanecer em 2,7% por dois meses consecutivos.
Não é exagero destacar a relevância dessa publicação. Caso a inflação desacelere em vez de acelerar, isso pode inclinar a balança a favor de um corte de 50 pontos-base na taxa de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) em sua reunião de dezembro, especialmente após os recentes PMIs decepcionantes. Por outro lado, se os dados estiverem em linha com as previsões ou, melhor ainda, superarem as expectativas, o cenário mais provável continuará sendo um corte mais moderado, de 25 pontos-base na taxa de juros.
A próxima semana promete ser volátil. O dólar pode receber suporte adicional (e significativo!). Caso as atas do Fed sejam hawkish, o índice PCE subjacente venha em zona positiva e a segunda estimativa do PIB dos EUA supere a estimativa inicial. Quanto ao euro, tudo dependerá da dinâmica da inflação na Alemanha e na zona do euro. Esses relatórios serão cruciais para definir a direção da moeda única.
Do ponto de vista técnico, o par EUR/USD, em todos os intervalos de tempo superiores (de 4H para cima), permanece próximo ou abaixo das bandas inferiores do indicador de Bandas de Bollinger e abaixo de todas as linhas do indicador Ichimoku, sinalizando uma tendência de baixa. No entanto, é importante lembrar que um movimento corretivo geralmente ocorre após uma queda acentuada no preço. Embora uma queda forte normalmente preceda uma correção, o cenário fundamental atual sugere que tais correções podem ser oportunidades para abrir posições de venda, com alvos situados em 1,0400 (linha inferior das Bandas de Bollinger no gráfico de quatro horas) e 1,0380 (linha inferior das Bandas de Bollinger no gráfico diário).